Programa de conservação no Parque do Espinilho promove proteção de ave ameaçada de extinção

Uma das aves mais belas e ameaçadas do país, o cardeal-amarelo (Gubernatrix cristata), vive na região do Pampa.

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Cardeal-amarelo.
Foto: Maurício Scherer

 

A única população conhecida e monitorada no Brasil está restrita ao Parque Estadual do Espinilho, Unidade de Conservação mantida pela Secretaria do Meio Ambiente e Infraestrutura (Sema) localizada no município de Barra do Quaraí, extremo oeste do Rio Grande do Sul.

Em razão da ameaça de extinção, alguns pesquisadores dos três estados do sul do país trabalham, desde 2014, em ações de conservação da espécie por intermédio do Programa para Conservação do Cardeal-Amarelo. O programa foi constituído no âmbito do Plano de Ação Nacional para a Conservação das Aves dos Campos Sulinos (PAN), que busca integrar iniciativas e esforços de pesquisa, gestão e proteção.

Entre os dias 10 e 13 de dezembro, uma equipe composta por pesquisadores, biólogos e veterinários dedicados ao trabalho com aves endêmicas e ameaçadas, realizou a segunda expedição de campo deste ano ao Parque Estadual do Espinilho. Nesta incursão, foi realizado o monitoramento dos territórios onde vivem os cardeais-amarelos, pesquisa de saúde e marcação das aves com anilhas. Os registros vão alimentar o banco de dados do Sistema Nacional de Anilhamento (SNA) gerido pelo Instituto Chico Mendes (ICMBio) e pelo Centro Nacional de Pesquisa e Conservação de Aves Silvestres (Cemave).

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Parque Estadual do Espinilho.
Foto: Xaene Pereira

 

A equipe, constituída pela Analista Ambiental do ICMBio, Patrícia Pereira Serafini, pela coordenadora do Programa de Pós-graduação em Ecologia e Educação da Biodiversidade da Pontifícia Universidade Católica (PUC-RS), Carla Suertegaray Fontana, os alunos Thaiane Weinert da Silva e Eduardo Chiarani, e pela doutoranda da Universidade Federal do Paraná (UFPR), Bianca Resseti da Silva, iniciou o trabalho percorrendo toda a região do parque para localizar as áreas com incidência da espécie.

Após mapear os territórios, foi realizada a instalação de redes de neblina para captura dos pássaros. Os cardeais-amarelos capturados passaram por exame de sangue e colheita de material biológico, que irão subsidiar a avaliação de saúde destes indivíduos.

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Redes de neblina para captura dos pássaros.
Foto: Xaene Pereira

 

Segundo Patrícia Serafini, “o tráfico de animais silvestres é a principal ameaça para essa espécie nos dias de hoje. Em razão disso, existem mais indivíduos em cativeiro - mais de 2000 cardeais-amarelos, do que em seu habitat natural – cerca de 50 registros”.

O monitoramento de saúde das populações de cardeal-amarelo é realizado de forma simultânea entre as populações que vivem em ambiente natural e nos indivíduos mantidos em cativeiro, através do Programa de Cativeiro do Cardeal-amarelo, realizado pelo ICMBio. “A integração dos dois programas visa um eventual revigoramento populacional da espécie na natureza ou sua reintrodução em áreas em que a espécie foi extinta ou persiste em números muito reduzidos, se necessário. Contudo a manutenção das populações livres saudáveis é a prioridade para a conservação destas aves”, explica Patrícia.

Como resultado da expedição, a equipe de pesquisadores conseguiu vistoriar os 13 territórios do Parque Estadual do Espinilho habitados por cardeais-amarelos, constatando que seis estavam ocupados. Foram 14 aves registradas e duas capturadas, macho e fêmea, para colheita de material para exames de saúde.

 

Texto: Xaene Pereira


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