Do preço ao apreço: inicia o curso de CSA

Curso faz parte do projeto-piloto do CITinova/Sema que inclui a implantação de 37 agroflorestas

Curso-CSA_O1-768x576.jpeg

Alunos no curso: confiança entre agricultores e coagricultores é a base de uma Comunidade que Sustenta a Agricultura (CSA). Fotos: Letícia Verdi

 

O curso de Comunidades que Sustentam a Agricultura (CSA) começou nesta semana com aula para 20 agricultoras e agricultores familiares do Distrito Federal (DF) e técnicos do Instituto de Assistência Técnica e Extensão Rural (Emater/DF). A capacitação está sendo oferecida pelo Projeto CITinova de planejamento integrado e tecnologias para cidades sustentáveis, executado pela Secretaria de Meio Ambiente (Sema) do DF. 

Segundo a coordenadora executiva do Projeto CITinova, Nazaré Soares, a inciativa é continuidade da implantação de ações de sustentabilidade junto aos produtores rurais que vivem nas Bacias do Descoberto e Paranoá. “Entendemos que um processo de comercialização mais justo dá garantia ao produtor rural de permanecer na terra, trabalhando com um modelo de produção mais sustentável”, afirmou. 

Serão quatro módulos com 32 horas/aula no total, até abril, com partes teórica e prática. No sistema de CSA, a agricultura é apoiada pela comunidade. O agricultor deixa de vender seus produtos por meio de intermediários e vende diretamente para os consumidores, que ao aderir ao CSA tornam-se coagricultores. 

“Para criar uma CSA é preciso estabelecer relações de confiança. O agricultor apresenta todas as informações sobre os seus custos e meios de produção e a comunidade assume o compromisso de financiamento, pagando antecipadamente pelos produtos que serão produzidos, por um tempo mínimo de seis meses”, diz a apostila entregue aos participantes no primeiro dia do curso.

Entre os princípios que norteiam a formação de uma CSA, está a solidariedade, a diversificação da produção, a aceitação dos produtos de época, as finanças compartilhadas, relações de amizade, gestão democrática, aprendizagem mútua e estabilidade para o agricultor. 

O curso faz parte de um projeto-piloto do CITinova/Sema que inclui a implantação de 37 agroflorestas (20 hectares) e a recuperação vegetal de 80 hectares de Áreas de Preservação Permanente (APPs) nas Bacias do Descoberto e Paranoá, aquíferos que garantem a segurança hídrica do DF. 

A diretora da Matres Socioambiental, Renata Navega, que ministra o curso ao lado da sócia Andrea Zimmerman, conta que os agricultores envolvidos numa CSA não sofreram prejuízos durante a pandemia, pois continuaram produzindo com a garantia de venda. A Matres Socioambiental foi contratada pelo Projeto CITInova para a realização do curso.

Curso-CSA_O3-768x576.jpeg

Renata Navega, da Matres Ambiental, explica os princípios de CSA.

 

Coragem 

A aluna Lindalva Neres, uma senhora que nasceu e cresceu na área rural e vive atualmente na Chácara Shalom, no Córrego do Urubu, expressou satisfação com a primeira aula. “Aqui ganhei coragem para continuar, senti esse apoio que vai me orientar. Estava quase desistindo”, disse ela, que após o curso espera montar uma CSA com a sua produção. 

A permacultora Gedilene Lustosa, moradora do Combinado Agrourbano de Brasília (Caub), Área de Relevante Interesse Ecológico (Aire) da Granja do Ipê, na região da Bacia do Paranoá, destaca a importância da cooperação entre os agricultores. “É uma nova maneira de viver e de produzir, mais sustentável”, afirmou.

Curso-CSA_O4-768x576.jpeg

Dona Lindalva Neres (à esquerda): “Aqui senti o apoio que vai me orientar”

 

Gedilene é umas das beneficiárias do projeto-piloto do CITInova/Sema que implementou Sistema Agroflorestal (SAF) em 37 propriedades nas Bacias do Paranoá e Descoberto. 

História 

A CSA nasceu na Alemanha, na década de 1920, pela ideia do educador e filósofo, pai da antroposofia, Rudolf Steiner. Durante o período da Segunda Guerra Mundial, espalhou-se pelo mundo. Na década de 1980, foi cunhado o nome Community Supported Agriculture (Comunidade que Sustenta a Agricultura, em tradução livre do inglês). Hoje, existem cerca de 15 mil iniciativas nos Estados Unidos. 

No Japão, cerca de 20 milhões de pessoas participam de CSAs, chamados Teikei. Na França, é conhecida como Amap. Existem CSAs em todos os países do Leste Europeu.

Em Brasília, a primeira CSA começou em 2012, com um grupo de permacultores no sítio Toca da Coruja, no Lago Oeste. Em 2013, foi criada a rede CSA Brasil. Em 2014, foi feito o primeiro curso sobre o tema em Brasília. 

O CITinova, que viabiliza o curso, é um projeto multilateral realizado pelo Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação (MCTI). Os recursos são do Global Environment Facility (GEF), com implementação a cargo do Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (Pnuma). A execução no DF é pela Sema, em parceria com o Centro de Gestão e Estudos Estratégicos (CGEE). 

 

Assessoria de Comunicação

Secretaria do Meio Ambiente

 

Fonte: https://www.sema.df.gov.br/do-preco-ao-apreco-inicia-o-curso-de-csa/


Imprimir   Email