Questões relativas a doenças precisam ser incorporadas ao planejamento de uma política de fauna e conservação da biodiversidade
A segunda edição do evento “Saúde e Biodiversidade”, realizada nesta terça-feira, 16 de junho, discutiu os impactos à conservação da fauna silvestre em tempos de pandemia. O debate, promovido pela Secretaria de Infraestrutura e Meio Ambiente (SIMA), por meio da Coordenadoria de Fiscalização e Biodiversidade (CFB), faz parte da série de videoconferências sobre o tema de Saúde Única (One Health) no contexto da pandemia do Covid-19.
Na abertura do encontro, a diretora do Departamento de Fauna (DeFau/SIMA) Vilma Geraldi destacou a importância da interação entre os órgãos de gestão, a academia e as instituições de pesquisa, que disponibilizam informações e dados que possam auxiliar no estabelecimento de políticas públicas voltadas para a saúde silvestre. A declaração foi corroborada pela presidente da Associação de Zoológicos e a Aquários do Brasil (AZAB) Claudia Igayara, que citou a união dos esforços em torno de um objetivo comum como a essência da conservação, principalmente num momento em que estamos separados pela pandemia.
Os temas das palestras abordaram desde a necessidade de se obter mais informações sobre a origem do vírus e o impacto na fauna de vida livre e em cativeiro, passando pela adoção de protocolos de prevenção em função da Covid-19 para fauna ex-situ. O uso de equipamentos de segurança em todas as atividades com os animais de cativeiro, comunicação clara e objetiva com os funcionários e redução do contato com os animais são algumas das ações para evitar a contaminação.
Também é recomendado o teste de patógenos de vida livre, o fortalecimento de ações de biodiversidade, a aplicação de leis de crimes ambientais, o aumento da vigilância e a segurança alimentar, além de informações para contribuir na prevenção de novas epidemias e pandemias.
Ou seja, a vigilância epidemiológica contínua é fundamental para a manutenção dos serviços biológicos, da saúde humana e na interface saúde animal e meio ambiente, de acordo com a médica veterinária Mirella Lauria D’Elia, da Universidade Federal de Minas Gerais.
A convivência com morcegos, importante para o equilíbrio ecossistêmico, e a Covid-19 em primatas também foram debatidos.
Palestraram no evento o professor Ricardo Augusto Dias, da Faculdade de Medicina Veterinária e Zootecnia da USP, o responsável técnico e chefe da divisão de medicina veterinária da Fundação Parque Zoológico Fabrício Braga Rassy, o professor Emmanuel Messias Vilar, da Escola Estadual Aarao Lins de Andrade, e o médico veterinário Victor Yunes.
Na próxima terça-feira, 23, será a última edição da série “Saúde e Biodiversidade”.