Gavião-tesoura é animal silvestre e deve ser mantido na natureza

ave

Os animais silvestres, entre eles as aves de rapina, naturalmente despertam um encantamento por sua beleza e habilidades de voo. Mas esses animais possuem particularidades, tanto as espécies da fauna tocantinense, como as migratórias que sobrevoam o Estado.

Nesta quarta-feira, 27, a Gerência de Pesquisa e Informações da Biodiversidade do Instituto Natureza do Tocantins (Naturatins) apresenta um breve perfil do gavião-tesoura, para incentivar a sensibilização popular sobre a importância de proteger os animais silvestres. Ao tempo que esclarece porque é proibida por lei a tentativa de criação desses animais e recomendado deixá-los livres na natureza.

O diretor de Biodiversidade e Áreas Protegidas do Instituto Natureza do Tocantins (Naturatins), Warley Rodrigues, considera importante levar informação sobre os aspectos característicos dos animais silvestres para população. "Restringir a liberdade de uma espécie silvestre em um cativeiro, já caracteriza crime ambiental. E geralmente por falta de conhecimento, as pessoas não levam em conta a possibilidade repentina de um comportamento extremamente agressivo que as espécies podem desencadear ao se sentirem ameaçadas. Além do atropelamento e dos maus tratos, a dieta inadequada também é um dos fatores responsáveis pelo óbito da maioria dos animais socorridos ou resgatados em uma apreensão".

O gerente de Pesquisa e Informações da Biodiversidade, Jorge Leonam, reiterou. "Há cerca de um mês, dois espécimes jovens do gavião-tesoura foram entregues voluntariamente aos órgãos ambientais, na região sul de Palmas. Mas cada espécie de ave de rapina alcança dimensões variadas, possui comportamento característico e exige uma dieta específica. Alguns de seus alimentos só podem ser encontrados em locais de difícil acesso no meio ambiente. E após as pessoas adquirirem essa consciência é que percebem que o lugar do animal é na natureza".

"O gavião-tesoura não está na edição 2018 do Livro Vermelho da Fauna Brasileira Ameaçada de Extinção, organizado pelo ICMbio - Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade do Ministério do Meio Ambiente (MMA). Mas é importante destacar que o volume que lista as aves, aponta o registro de outras espécies rapinantes", alertou Jorge Leonam.

Na edição 2018 do Livro Vermelho, três espécies recebera uma classificação de risco de extinção. Foi considerada ‘Em Perigo’, a espécie conhecida popularmente como gavião-de-pescoço-branco, de nome científico Leptodon forbesi. Outras três espécies estão enquadradas na classificação 'Vulnerável', o gavião-cinza ou Circus cinereus Vieillot; gavião-pombo-pequeno ou Amadonastur lacernulatus; e o gavião-real, harpia ou Harpia harpyja.

Gavião-tesoura

Essa é uma das espécies que despertam interesse pela beleza de sua plumagem. A cauda longa no formato em 'V' é uma das inspirações do nome popular da espécie, de nome científico, Elanoides forficatus, do (grego) elanus = referente ao gênero Elanus = gavião; e oidës = parecido, similar; e do (latim) forficata, forficatus, forfex, forficis = fórceps, tesoura. ⇒ Gavião semelhante aos do gênero Elanus com cauda em forma de tesoura.

Essa é uma ave Accipitriforme da família Accipitridae que durante a primavera migra até o sul do Brasil para se reproduzir, portanto é classificada como uma ave neotropical.

Subespécies

O gavião-tesoura possui duas subespécies: Elanoides forficatus forficatus (Linnaeus, 1758) - ocorre dos baixos da costa sudeste dos Estados Unidos da América até o norte do México; e Elanoides forficatus yetapa (Vieillot, 1818) - ocorre do sul do México, (exceto na Península de Yucatán) até o Brasil e o nordeste da Argentina. Essa rapinante é considerada uma das espécies mais sociáveis, vive em pequenos grupos que podem chegar até 30 indivíduos. Mas geralmente são aves solitárias e quando adulta, suas cores não se misturam.

Características

Com o corpo delgado, pés e pernas muito pequenos, atingem de 52 a 66 centímetros de comprimento. As asas têm envergadura de 120 a 135 centímetros. As fêmeas são maiores atingem peso máximo de 435 gramas e os machos chegam a 407 gramas. Com dorso e asas negras, cabeça e partes inferiores brancas, e cauda extremamente furcada, negra, semelhante à do tesourão. Também é conhecido pelos nomes de gavião-das-taperas, gavião-tesoira, itapema, tapema e tesourão.

Alimentação

O gavião-tesoura inclui em sua dieta, aves, serpentes, lagartas e pequenos lagartos. Para capturar libélulas, rãs e outros animais na superfície da água; realizam ocasionalmente voos rasantes, além de capturar com os pés e levar ao bico, invertebrados, em pleno voo.

Reprodução

No período reprodutivo, machos e fêmeas se apresentam com voos para conquista de seus parceiros, com os quais permanecem por toda a vida. Os machos oferecem alimentos às fêmeas. No alto de árvores, entre folhagem e locais afastados são formadas colônias de ninhos.

Mesmo não estando reproduzindo, alguns adultos do grupo são capazes de contribuir com material para construção de ninhos. As fêmeas botam de dois a três ovos brancos ou na cor creme e ambos os pais realizam a incubação por um período de 24 a 28 dias, embora a fêmea permaneça por mais tempo no ninho. Os cuidados e alimentação dos filhotes também são compartilhados, por seis ou sete semanas, quando a cria deixa o ninho, se mantendo perto dos pais.

Curiosidades

Existe uma estimativa que há mais de 500 espécies de aves de rapina no mundo e quase 100 delas podem ser encontradas no Brasil. Cada gênero dessa ave possui características registradas por observadores e pesquisadores da espécie. São informações importantes ao conhecimento dos admiradores desses animais silvestres. Obter conhecimento sobre o tamanho da ave, os costumes, o espaço de convivência, a liberdade necessária e o tipo de alimentação esclarece o quanto é inapropriada a tentativa de domesticação.

Linha Verde

A denúncia de crime ambiental pode ser registrada via telefone no 0800 63 1155 ou via internet no endereço naturatins.to.gov.br de forma gratuita e não é necessário se identificar. Porém é importante oferecer informações detalhadas sobre a localização da ocorrência.

 

 

(Fontes Naturatins; Instituto Chico Mendes de Biodiversidade; Ministério do Meio Ambiente e Comitê Brasileiro de Registros Ornitológicos).

Cleide Veloso/Governo do Tocantins
Fonte:https://naturatins.to.gov.br/noticia/2019/2/27/gaviao-tesoura-e-animal-silvestre-e-deve-ser-mantido-na-natureza/


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