Parque Nacional Cavernas do Peruaçu no norte de Minas Gerais. Crédito: Fernando Tatagiba

Estudo traz dados sobre 18 mil cavernas

Anuário Estatístico do Patrimônio Espeleológico Brasileiro acaba de ser lançado pelo Cecav, centro de pesquisa do ICMBio, vinculado ao Ministério do Meio Ambiente.

Brasília – O Centro Nacional de Pesquisa e Conservação de Cavernas (Cecav), do Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio), autarquia do Ministério do Meio Ambiente (MMA), acaba de lançar a primeira edição do Anuário Estatístico do Patrimônio Espeleológico Brasileiro.

O estudo traz dados sobre 18.358 cavernas brasileiras registradas no Cadastro Nacional de Informações Espeleológicas (Canie) até dezembro de 2018. As informações são divididas por temas como localização, bacias hidrográficas, biomas, solos, unidades de conservação, rodovias, ferrovias, assentamentos rurais, mineração, petróleo, usinas hidrelétricas e linhas de transmissão.

Na elaboração do anuário, o Cecav cruzou os números do Canie com a base de dados dos órgãos e agências reguladoras do governo federal que atuam com cada tema, como a Agência Nacional de Águas (ANA), Ibama, ICMBio, Embrapa e Serviço Geológico do Brasil (CPRM), entre outros. O resultado é um panorama detalhado das cavernas conhecidas no Brasil.

VISÃO AMPLA

“Por ser uma análise estatística, o Anuário nos ajuda na leitura dos dados, a visualizá-los melhor, nos dando uma visão ampla de como está distribuído o patrimônio espeleológico brasileiro frente a diversas tipologias de empreendimentos e áreas protegidas”, diz o coordenador do Cecav, Jocy Cruz.

O estudo pode ser útil para vários setores da sociedade que lidam, de forma direta ou indireta com cavernas, entre eles, gestores ambientais, academia, estudantes e empreendedores. No caso de licenciamento ambiental de empreendimentos potencialmente impactantes ao patrimônio espeleológico, o cadastramento dos dados no Canie é obrigatório.

Na sua primeira edição, o Anuário apresenta um crescimento significativo das cavernas cadastradas. Em 2006, eram cerca de 4.500. Isso se deve, segundo Cruz, ao fortalecimento do trabalho de catalogação motivado pelo Decreto 6.640/2008, que regulamentou a gestão das cavernas.

“O decreto obrigou que empreendimentos potencialmente impactantes ao patrimônio espeleológico realizassem estudo espeleológico no âmbito do licenciamento ambiental, o que praticamente triplicou o número de cavernas conhecidas. Saímos de 6.280, em 2009, para 18.358 em 2018”, explica ele.

DADOS

Em relação às unidades da federação, o Anuário mostra que Minas Gerais, com 7.622 cavernas, é o estado brasileiro que detém o maior número de cavidades naturais subterrâneas, seguido pelo Pará com 2.630, Bahia com 1.367 e Rio Grande do Norte com 1.047.

No que se refere às regiões hidrográficas, os números apontam que 6.995 cavernas estão inseridas na bacia do Rio São Francisco e 4.531 na bacia do Tocantins. Juntas, abrigam 63% das cavidades naturais. Já as regiões hidrográficas do Uruguai e Atlântico sul possuem a menor quantidade de cavernas, não passando de 3%.

Com relação à localização por biomas, o estudo constata que 9.177 das cavernas conhecidas no Brasil encontram-se no Cerrado, o que equivale a praticamente metade delas. Já o Pampa e o Pantanal, juntos, têm menos de 1%, com 59 e 16 cavernas, respectivamente.

No cruzamento de dados do Canie com as informações de unidades de conservação (UC) federais, estaduais, municipais e particulares, observou-se que, das 2.644 UCs, apenas 215 delas, ou seja, 8% abrigam 6.380 das cavernas. Dessas, 54% encontram-se em unidades classificadas como de uso sustentável e 46% de proteção integral.

MAPA 

O Cecav também acaba de lançar o Mapa de Ocorrências de Cavernas Brasil. O material foi elaborado a partir da sobreposição da base de dados do Canie de 18 de abril de 2018 e contém 17.875 cavernas.

O mapa traz a visualização de cavernas cadastradas no Brasil e ainda apresenta o tipo de solo e rocha em cada uma delas. O usuário pode, ainda, fazer o download no formato pdf e os dados vetoriais com as regiões de ocorrência de cavernas em formato shapefile.

Por: Ascom MMA, com informações do Cecav/ICMBio/MMA

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