por Karlilian Magalhães
Na sua 13ª Reunião Ordinária, o Fórum também abordou as estratégias de Pernambuco para neutralizar a emissão de GEE até 2050 e os compromissos do estado com a agenda climática mundial
Na manhã desta terça-feira (17/05), aconteceu a 13ª Reunião Ordinária do Fórum Pernambucano de Mudança do Clima, na qual foram apresentadas as estratégias de contabilização das emissões de gases de efeito estufa de Pernambuco. A reunião teve transmissão online pelo canal do Youtube da Secretaria de Meio Ambiente e Sustentabilidade de Pernambuco (www.youtube.com/semaspernambuco) e contou com a participação de representantes de órgãos e secretarias de Meio Ambiente dos municípios pernambucanos, empresários do ramo da indústria, energia, universidades e institutos de pesquisa e tecnologia nacionais e internacionais.
Na ocasião, foi apresentado o resultado do 2º Inventário de Gases de Efeito Estufa de Pernambuco, uma atualização do 1º Inventário do GEE, que foi elaborado pela Semas, em parceria com o FPMC e a organização internacional Under2, por meio do projeto Pegada Climática. O documento analisou as emissões no estado no período de 2015 a 2018 e agora está fazendo uma releitura deste período e acrescentando informações de 2019 e 2020, apresentando também uma leitura das emissões por região e por município.
O Inventário permite verificar as emissões de gases em cinco setores: energia estacionária, transporte, resíduos (efluentes e resíduos sólidos urbanos), processos industriais (cimento e mineral) e AFOLU (que engloba a pecuária, agricultura e outros usos do solo). Os resultados estimam que Pernambuco emitiu 29.8 MtCO2e em 2015, 28.0 tCO2e em 2016, 36.1 M tCO2e em 2017 (o maior índice registrado nos seis anos de avaliação), 26.2 MtCO2e em 2018, 27.7M tCO2e em 2019 e 23.9M tCO2e em 2020 (o menor índice dos seis anos acompanhados). A unidade de medida MtCO2e significa milhões de toneladas de CO2 equivalente. Os principais emissores de gases de efeito estufa no estado são agricultura e mudança de uso do solo (AFOLU), resíduos e transporte. As regiões de Pernambuco que mais emitiram gases de efeito estufa nesses seis anos avaliados foram a Região Metropolitana, o Sertão do São Francisco e o Agreste Central. Visitando o site da Semas, é possível acessar o relatório do inventário e o gráfico dinâmico com os dados das emissões de Pernambuco desagregados por região de desenvolvimento e município: https://semas.pe.gov.br/inventario-de-gee/
A Semas PE acredita que conhecer os setores emissores é o primeiro passo para iniciar um trabalho consistente de redução de emissões de gases de efeito estufa e contribuir com as ações para evitar o aquecimento da temperatura da Terra e os efeitos climáticos extremos decorrentes. Desta forma, Pernambuco avança, disponibilizando essas informações às gestões municipais para que se aproximem do tema e somem-se ao esforço estadual de alcançar a neutralidade de emissões de carbono até 2050, como prevê o Plano de Descarbonização do estado.
Durante a reunião, boas notícias foram trazidas pelo Porto de Suape, que irá trabalhar na produção de hidrogênio verde, numa parceria com a Neoenergia, e irá abastecer com energia renovável as embarcações que estiverem em Suape. Outra boa nova foi trazida pela Copergás que se prontificou em comprar biogás produzido pelos aterros sanitários do estado, ou seja, demonstrou interesse em adquirir o gás metano produzido pelos aterros para colaborar com a redução de emissão gases de efeito estufa.
Após a apresentação do inventário, Anaísa Pinto, da Climate Group, e Gabriela Volpato, da WattTime, apresentaram o projeto STARRS (States and Regions Remote Sensing) que irá estimar as emissões de gases de efeito estufa por meio de sensoriamento remoto com inteligência artificial, monitoramento via satélite, sensores in situ e modelos de cálculos matemáticos para cinco regiões do mundo, dentre elas Pernambuco.
“Para Pernambuco é um orgulho fazer parte da maior rede global de governos estaduais e regionais que são comprometidos com a redução de emissões, com o Acordo de Paris, para que a gente possa manter a temperatura global abaixo dos 2 graus, com esforços para atingir 1,5 graus. E mais ainda, para nós, é um orgulho fazer parte de um seleto grupo de 40 estados e regiões do mundo que se comprometeram a atingir zero emissões líquidas até 2050. A gente tem apostado no espírito verdadeiramente democrático, no processo rico de valorização da participação das diversas organizações, sejam elas governamentais, da sociedade civil, a academia tem tido um papel extraordinário nesse processo. E acho que o poder público só tem a ganhar quando traz a sociedade para construir estas políticas públicas. Chegamos até aqui num processo coletivo, com um engajamento dos setores que estão representados e tem participado ativamente de diversos municípios”, enfatizou Inamara Mélo, secretária estadual de Meio Ambiente.
A secretária destacou ainda a importância de se voltar a atenção para a pauta climática e enfatizou o desempenho de Pernambuco: “A pauta climática é absolutamente estruturadora na atualidade junto com os Objetivos do Desenvolvimento Sustentável. A Agenda Climática deve ser um guia, um norte para o desenvolvimento para praticamente toda e qualquer ação do poder público. A gente se alegra com o avanço da agenda climática em Pernambuco, a gente tem sido exemplo para muitas outras regiões no Brasil e no mundo. A gente tem participado de diversos fóruns e este reconhecimento tem sido bastante significativo. Nosso inventário, nosso plano de descarbonização têm sido citados como referência, como instrumentos importantes para implementação dos compromissos climáticos. Apesar dos grandes avanços, temos grandes desafios pela frente”.
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